Nelson Rodrigues, sabiamente, disse que toda a unanimidade é burra. Meus pais, assim como o da maioria das pessoas com consciência cidadã, me ensinaram que seguir a massa é o mais fácil, mas sempre é o caminho para o cadafalso moral. Logo, não sou dessas vozes que se juntam ao coro do momento cantando aleluia a um novo pretenso messias que surge regurgitado pelo ódio da classe média brasileira. O que é certo: é certo. Sem flexibilizações politiqueiras. Esse é o resumo do meu pensamento.
Fiz esse preâmbulo para tratar de um assunto que está sendo atingido de morte pelos novos representantes nacionais: a inclusão das pessoas com deficiência. No último dia 24, o governador Ibaneis Rocha sancionou a Lei Distrital 6.729 de 2020, de minha autoria, instituindo campanha para ampliar a inclusão de pessoa com deficiência nas escolas públicas e privadas do Distrito Federal. Trata-se de um mecanismo para tentar conter o avanço de forças reacionárias contra os cidadãos que estão sendo ceifados dos seus direitos fundamentais, ferindo a dignidade da pessoa humana.
Aliás, desde John Locke, em seu contrato social e a proliferação dos ideais liberais pelo mundo, que não se vê ofensiva tão grave assim. Por aqui, por exemplo, o Governo Federal editou o Decreto 10.502 de 30 de setembro de 2020 que vai na contramão do bom senso e da construção de políticas públicas inclusivas. Segundo o texto, está ressuscitada a famigerada, mal urdida e mal sucedida Política Nacional de Educação Especial. Uma ideia que, ao meu ver, precisa ser combatida como fizeram os liberais que se opuseram ao conservadorismo tradicional e procuraram substituir o absolutismo no governo pela democracia representativa e pelo Estado de direito.
Apelo para a ciência e a razão em favor do povo. Opiniões desprovidas de lastro no conhecimento e na necessidade de fazer o bem comum não podem colocar à margem uma população inteira de pessoas que contribuem para fazer do Brasil uma nação forte e uma mão amiga, exemplo para outros países, como temos sido desde a redemocratização. Se Nelson Rodrigues está certo, e tenho certeza que está, eu e as associações representativas das pessoas com deficiência somos vozes contrárias a essa maré insidiosa que está assolando a nossa nação e nos transformando em pessoas cheias de deficiências de caráter e de bom senso.
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